21 de fevereiro de 2009

respirar

Afinal resume-se a ... respirar. É esta uma das teses deste artigo interessante de auto-ajuda sobre distress, resiliência e auto-realização: Psychology Today: The Art of Now: Six Steps to Living in the Moment



cf.. ainda a prática do poder do agora e
pg. 211 do livro O Despertar de uma Nova Consciência de Eckhart Tolle - Ed. Sextante
Podemos descobrir o espaço interior criando lacunas no fluxo de pensamentos. Sem elas, o pensamento se torna repetitivo, desprovido de inspiração, sem nenhuma centelha criativa - e é assim que ele é para a maioria das pessoas. Não precisamos nos preocupar com a duração dessas lacunas. Alguns segundos bastam. Aos poucos, elas irão aumentar por si mesmas, sem nenhum esforço de nossa parte. Mais importante do que fazer com que sejam longas é cria-las com frequência para que nossas actividades diárias e nosso fluxo de pensamento sejam entremeados por espaços.

Certa ocasião alguém me mostrou a programação anual de uma grande organização espiritual. Quando a examinei, fiquei impressionado pela rica selecção de seminários e palestras interessantes. A pessoa me perguntou se eu poderia recomendar uma ou duas actividades. "Não sei, não. Todas elas me parecem muito interessantes. Mas eu conheço esta: tome consciência da sua respiração sempre que puder, toda vez que se lembrar. Faça isso durante um ano e terá uma experiência transformadora bem mais forte do que a participação em qualquer uma dessas atividades. E é de graça."

Tomar consciência da respiração faz com que a atenção se afaste do pensamento e produz espaço. É uma maneira de gerar consciência. Embora a plenitude  da consciência já esteja presente como o não-manifestado, estamos aqui para levar a consciência a essa dimensão.

Tome consciência da sua respiração. Observe a sensação do ato de respirar. Sinta o movimento de entrada e saída do ar ocorrendo em seu corpo. Veja como o peito e o abdómen se expandem e se contraem ligeiramente quando você inspira e expira. Basta uma respiração consciente para produir espaço onde antes havia a sucessão ininterrupta de pensamentos.

Uma respiração consciente (duas ou três seria ainda melhor) feita muitas vezes ao dia é uma maneira excelente de criar espaços em sua vida. Mesmo que você medite sobre sua respiração por duas horas ou mais, o que é uma prática adoptada por algumas pessoas, uma respiração basta para deixa-lo consciente. O resto são lembranças ou expectativas, isto é, pensamentos.

Na verdade, respirar não é algo que façamos, mas algo que testemunhamos. A respiração acontece por si mesma. Ela é produzida pela inteligência inerente ao corpo. Portanto, basta observá-la. Essa actividade não envolve nem tensão nem esforço. Além disso, note a breve suspensão do fôlego - sobretudo no ponto de parada no fim da expiração - antes de começar a inspirar de novo. Muitas pessoas tem a respiração curta, o que não é natural. Quanto mais tomamos consciência da respiração, mais sua profundidade se estabelece sozinha.

Como a respiração não tem forma própria, ela tem sido equiparada ao espírito - a Vida sem uma forma específica - desde tempos ancestrais. "O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida; e o homem se tornou um ser vivente." A palavra alemã para respiração - atmen - tem origem no termo sânscrito Atman, que significa o espírito divino que nos habita, ou o Deus interior.

O fato de a respiração não ter forma é uma das razões pelas quais a consciência da respiração é uma maneira eficaz de criar espaços na nossa vida, de produzir consciência. Ela é um excelente objecto de meditação justamente porque não é um objecto, não tem contorno nem forma. O outro motivo é que a respiração é um dos mais subtis e aparentemente insignificantes fenómenos, a "menor coisa", que, segundo Nietzsche, constitui a "melhor felicidade". Cabe a você decidir se vai ou não praticar a consciência da respiração como verdadeira meditação formal. No entanto, a meditação formal não substitui o empenho em criar a consciência do espaço na sua vida quotidiana.

Ao tomarmos consciência da respiração, nos vemos forçados a nos concentrar no momento presente - o segredo de toda a transformação interior, espiritual. Sempre que nos tornamos conscientes da respiração, estamos absolutamente no presente. Percebemos também que não conseguimos pensar e nos manter conscientes da respiração ao mesmo tempo.

A respiração consciente suspende a actividade mental. No entanto, longe de estarmos em transe ou semi-despertos, permanecemos acordados e alerta. Não ficamos abaixo do nível do pensamento, e sim acima dele. E, se observarmos com mais atenção, veremos que essas duas coisas - nosso pleno estado de presença e a interrupção do pensamento sem a perda da consciência - são, na verdade a mesma coisa: o surgimento da consciência do espaço.

3 comentários:

Anónimo disse...

Sim respirar. Mas não será também muito importante o facto do indíviduo contar com o apoio de amigos, familiares e/ou outros por forma a criar e desenvolver a auto-estima e autoconfiança?
abraço
«)

Anónimo disse...

É claro que o apoio da rede de amigos e da família é muito importante para o desenvolvimento da capacidade de resistência ao stress. Aliás, como diz, e muito bem, a rede alargada de apoio social revela-se igualmente muito importante na auto-realização.
Todavia, ao colocar este post quis realçar a importância da responsabilidade pessoal no relacionamento inter-pessoal. O controlo da respiração, enquanto parte do movimento de interação com o mundo, pode ajudar a a harmonizar a nossa vida. Talvez seja por isso que desde o tempo dos Romanos se atribui importância à prática desportiva (ginasium) e ao termalismo (spa's).
Obviamente, que a construção de equipamentos de lazer e desportivos (piscinas, estádios, pavilhões...) são muito importantes para a qualidade de vida das pessoas, mas qual o nosso papel e o dos Governos (da Cidade e do País) na melhoria da rede social de apoio?

António Correia Nunes disse...

É por isso que fico triste quando verifico o estado do Desporto Escolar. Há professores e estruturas na Escola Pública mas não vejo campeonatos inter-escolas e de selecções nas diversas modalidades e escalões. Há uma excessiva dependência dos clubes, quando o que devia haver é cooperação intra-Municipal.