5 de maio de 2011

Contribua para a mudança


Uma pessoa indignada não é necessariamente raivosa.
Indignar-se com a injustiça é estar alerta

 


É este o tema do pequeno livro de Stéphane Hessel, 93 anos, no qual faz um apelo ao envolvimento social e político - Indignez-vous / Indignai-vos [Stéphane Hessel, Indignai-vos! Objectiva. Prefácio de Mário Soares. Trad. Paula Centeno. 52 págs]. O autor escreve com simplicidade e força: "Minha longa vida deu-me uma sucessão de motivos para me indignar." (pág. 18). E recomenda que os jovens saiam um pouco de si mesmos, e olhem ao seu redor. Quem procura motivos para sair da indiferença moral, é porque conhece o valor da dignidade humana. E ficará indignado.

“Os governos, por definição, não têm consciência”, escreveu o romancista Albert Camus, em 1954. Felizes são os homens e as mulheres que não aceitam passivamente os malfeitos dos governos e dos indivíduos. A indiferença nos faz menos humanos. A resignação pode nos tornar cúmplices. Indigne-se, mas não seja chato. Contribua para a mudança. É melhor ser um indignado optimista que um resignado deprimido (Ruth de Aquino).


Mais recentemente, Stéphane Hessel, lançou uma continuação desse seu manifesto-exortação - Engagez-vous / comprometei-vos / empenhai-vos .

Tem lógica: depois de indignar-se, cada um de nós deve empenhar-se. Tomar para si a defesa/tentativa/resolução dos fatos que nos indignaram.

Já em Pedagogia da indignação, Paulo Freire nos dizia:
Se alguém, ao ler este texto, me perguntar, com irônico sorriso, se acho que, para mudar o Brasil, basta que nos entreguemos ao cansaço de constantemente afirmar que mudar é possível e que os seres humanos não são puros espectadores, mas atores também da história, direi que não. Mas direi também que mudar implica saber que fazê-lo é possível. É certo que mulheres e homens podem mudar o mundo para melhor, para fazê-lo menos injusto, mas a partir da realidade concreta a que “chegam” em sua geração. E não fundadas ou fundados em devaneios, falsos sonhos sem raízes, puras ilusões. O que não é porém possível é sequer pensar em transformar o mundo sem sonho, sem utopia ou sem projeto[…]
O tempo é o senhor da verdade e da razão.

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